quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O que de fato completa

Era sábado do primeiro mês do ano, a praia estava lotada e o Sol não decepcionava àqueles que estavam lá. Gringos simpáticos observavam o visual até então visto apenas em cartão-postal, realmente a praia naquele dia fazia jus à fama no exterior. Lindas mulatas desfilavam com seus pequenos biquínis de fabricação nacional, as cangas formavam um segundo mar colorido na areia, as pessoas estavam despreocupadas. Os “fiu-fiu” ainda eram os mesmos, as crianças corriam e brincavam em suas piscinas de plástico. Todos esses elementos juntos jamais me fariam imaginar o que viria.

Sem aviso prévio as pessoas começaram em uma agitação que eu jamais vira antes, as crianças choravam ao segurar em suas mães aflitas, os gringos demonstravam decepção e pânico. Todos corriam sem rumo enquanto um grupo enorme invadia a praia com sorrisos estampados em seus rostos, realmente parecia que o ato de roubar todos que estivessem em sua frente era prazeroso

–Arrastão! -Ouvia-se gritar.

Tratei de agarrar no braço de Dora, minha namorada, enquanto ela dissertava sobre as medidas que o governo deveria tomar para prevenir tal acontecimento. Junto de nós estava Ju, uma amiga muito próxima de Dora. Que linda morena! Para se ter uma ideia de tal beleza, no meio daquela correria eu conseguia ainda ter espaço na minha mente para prestar atenção naquele corpo seminu correndo sem pudor.

–Ai ai, e eu que pensava que havia visto de tudo,o que mais falta acontecer nessa praia? –Dizia Esmeralda, uma baiana que vendia vatapá e acarajé há anos no mesmo lugar, era tão respeitada que era capaz dos assaltantes pararem para comprar um prato invés de assaltá-la.

Conseguimos escapar com vida – mas sem carteira, celular e por pouco o biquíni da Ju, tentei imaginar o que um assaltante homem faria com ele, pois é, fui inocente a esse ponto.

Depois do arrastão cheguei à conclusão que minha atração pela Ju ia além do normal e além do carnal. Ju era inteligente, parecia comigo, nossas opiniões batiam – diferente de mim e Dora, que era o meu oposto. O que se fazer quando a pessoa que amamos não nos completa? E pelo visto nem o namorado de Ju a completava, um faxineiro do prédio em que ela morava. Uma vez ela me disse que estava com ele só por que o sexo era bom, vai saber né!

Ju não saía da minha cabeça, até mesmo enquanto eu estava com Dora, o fato da minha namorada ser meu oposto dava ainda mais alimento para esses pensamentos proibidos. Sinceramente, se eu pudesse escolher, seria Ju a vencedora. Mas o coração é quem manda, e o coração não tem balança para medir afinidade. Até porque, se eu me apaixonei por Dora é que algo tínhamos em comum, só faltava descobrir o que.

O telefone tocou. Era Ju: –Neto, preciso falar com você agora! - Falei que não podia, estava ocupado. Ela insistiu dizendo que era urgente. Marquei de me encontrar com ela lá em casa, vinte minutos depois ela chegou. Estava completamente abatida, olhos inchados e vermelhos. Preocupado perguntei o que tinha acontecido, ela chorando disse que Dora havia percebido minha atração por ela e que de tão desnorteada parou em um bar e fez o que os feridos fazem, bebeu até não aguentar. Ninguém a impediu de voltar para casa dirigindo, ou pelo menos tentar voltar.

–Chega! - eu disse chorando.

Já havia entendido tudo, não queria ouvir a frase que eu mais temi naquele momento, até que ela não aguentou e disse que Dora havia quebrado o pescoço com o impacto da batida, não teria como resistir.

A dor que eu senti me fez perceber que o que tínhamos em comum valia mais do que qualquer semelhança que houvera entre mim e Ju, nós nos amávamos, e isso era o que importava. Passaram dez anos desde então, nunca mais encontrei alguém tão parecido comigo quanto Dora.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Michael again

É impressionante a hipocrisia que nos cerca. Antes do Michael morrer a mídia o tratava com adjetivos nem um pouco carinhosos, pelo contrario, o ofendia das maneiras mais perversas.

Era raramente citado pelo próprio nome, dando espaço para chamadas envolvendo "estranho", "esquisitão" e sinônimos. Sem falar nas frequentes citações sobre as acusações de pedofilia. Após a sua morte a mídia o tem tratado como rei, trocando os adjetivos ofensivos pelos mais sublimes, o que antes era estranho se tornou generoso. Pedófilo? Agora é educado e delicado!

Afinal, o que não fazem para ganhar audiência? Antes as pessoas gostavam de ver Michael em sua vida conturbada, agora o que garante que fãs vejam os programas em homenagem é justamente aquela imagem que antes não era exposta. Como já é de costume se falar: "barraco" é que dá audiência. Revoltante, essa é a palavra!

See ya

Amizade?

Amizade tem se tornado tão superficial, ou será que sempre foi assim? Só sei que eu não ouvia meu pai chamando de amigo alguém que ele só conhecia pelo primeiro nome e nem fazia idéia de como aquela pessoa vivia. Está faltando intimidade entre os “amigos para sempre”, o significado se tornou superficial, evasivo demais e longe de seu sentido original.
Culpo a internet sim por grande parte dessa catástrofe, as pessoas estão se acostumando a basear sua amizade em pequenos gostos em comum, afinal, na internet é assim. Você que tem lá seu “perfil” em site de relacionamento com certeza já percebeu como simpatizar com alguém está se tornando sinônimo de amizade eterna. São pessoas demais, há muita comunicação para pouco tempo de se cultivar uma relação mais intimida, amorosa e menos superficial e apaixonada.
Com todo esse acontecimento era de se prever que a demonstração do suposto amor também se resultasse em superficialidade. Falar “eu te amo” hoje em dia não tem mais o mesmo valor, são poucos aqueles se certificam antes de exclamar em alto e bom som essas três palavras, ou falando de uma forma mais jovem, são poucos aqueles que estão aptos a realmente mandar um depoimento de amor.
Uma amizade de verdade, ou seja, aquela em que vocês se conhecem tão bem que nem é necessário explicar o que está pensando, aquela em que seu amigo vai até você sem precisar acertar as contas depois, afinal, ele foi porque queria realmente estar com você. Uma amizade inocente, verdadeira. Aquela amizade de filme, sabe, a “turma do barulho” da sessão da tarde. Esse tipo de amizade que deveria ser cultivada, intima e verdadeira, você não teria mais a resposta clichê “sim, e você?” quando perguntasse como a pessoa está, ela seria sincera e você a conheceria tanto que nem precisaria ela dizer. Ainda sou inocente ao ponto de ter esperanças que as amizades pelo mundo se tornem realmente sinceras.

See ya.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Michael, o vizinho do mundo

É tão estranho o fato do mundo se comover com a morte de alguém que ele sequer conhecia. Sim, estou falando do Michael Jackson. Me causa uma tremenda curiosidade em saber como esses fatos afetam as pessoas tão distantes do foco. Tudo bem, não dá pra negar que ele realmente foi um nome marcante para a história da música e da dança, que teve uma carreira conturbada e muito foco em cada passo dado por ele. Mas chegar ao ponto de levar multidões ao choro é no mínimo curioso.

O Michael era assim, ou você adorava ou odiava. Seja pelas acusações de pedofilia ou até mesmo pela suposta opção por uma “nova cor”. Para ser sincera, eu era daquelas que gostavam dele, da música dele, e que acreditava sim que ele tinha um relacionamento infantil com as crianças. Mas o que nos leva ao ponto de nos sentir realmente abalados por alguém que conhecemos tão superficialmente e por especulações?

Nessas horas é que comprovamos o poder da mídia, a aproximação que ela nos causa à pessoas que são expostas ao mundo, a oportunidade que ela nos oferece em obtermos uma opinião formada sobre alguém que nunca conversamos. O bombardeamento de informações sobre a vida de alguém, a correria sobre um novo detalhe, tanta informação que nos torna quase que íntimos dos expostos. E esse foi o caso de Michael e de muitos outros que abalaram o mundo e que irão abalar.

Enfim, alguém com uma vida tão conturbada merece ao menos um descanso em paz, é o que eu desejo.


See ya.

Well, Well, Well

Bom bom bom, ainda não sei qual será o rumo disso aqui. Só o que eu sei é que eu gosto de escrever, logo, escrevo.
Ah, e esse layout horrivel será trocado.

See ya.